Um dos pilares mais importantes da aplicação eficiente do Coaching está baseado na identificação, análise e, se necessário, revisão de crenças. Durante o processo, o Coach conduz o Coachee a, principalmente, desafiar e sistematicamente superar crenças limitantes. Ao mesmo tempo em que fortalece suas crenças positivas sobre si mesmo, suas habilidades, sobre as circunstâncias e as possibilidades, dentre tudo mais.

Crenças são convicções, sensos de certezas, que todos individualmente desenvolvemos para dar significado sobre tudo o que observamos em nossas vidas.

Podem ser positivas, no sentido de nos ajudar a realizar objetivos pessoais. Ou negativas, no sentido de nos afastar daquilo que desejamos ver realizado.

São, sob outro prisma, regras internas que uma pessoa assume e que, por efeito, influenciam diretamente em seu nível de comprometimento para fazer o que precisa ser feito para alcançar seus objetivos, determinando seu desempenho pessoal em uma atividade, trabalho, relacionamento, etc.. Pois, ao acreditar que devo e posso fazer alguma coisa, tacitamente assumo a responsabilidade por me realizar.

Crenças fortes impulsionam uma pessoa a agir com decisão para a realização de algo que tem real valor para ela. São convicções que fluem do mapa mental do indivíduo – sua percepção e interpretação da realidade – impulsionando-o a agir para modificar a realidade em direção do que deseja criar, obter, experimentar, viver.

Importante compreender ainda, de início, que Crença não é o que dizemos crer. Mas sim o que revelamos crer por intermédio de nossos comportamentos e atitudes.

Recentemente, em um dos meus atendimentos de Coaching, recebi a pergunta: “Como se formam as crenças?”.

Nossas primeiras crenças se formam quando ainda somos crianças e sequer sabemos pronunciar qualquer palavra. Ainda nos primeiros anos de vida passamos por alterações contínuas. E, por nossa capacidade nata de observar e interpretar o que nos chega pelos sentidos da visão, audição, olfato, paladar e tato, começamos a dar significado a tudo. Essas interpretações, sem que se possa precisar como e quando, pouco a pouco passam a ser aprimoradas especialmente pelo desenvolvimento da capacidade de interação com adultos – pais, irmãos mais velhos, amigos, professores e mestres – e podem se tornar irrefutáveis ou de difícil modificação a partir de então.

Com o desenvolvimento cognitivo, comum na fase de crescimento, é desejável que se modifiquem a partir do desenvolvimento da capacidade de pensar e da nossa incrível habilidade de observar e aprender continuamente. Também em um tempo não determinado, nossas crenças deixam de ser meros instrumentos de probabilidades e passam a dirigir nossos comportamentos, sendo, a partir de então determinantes para os resultados e situações que viveremos em nossas vidas. Ou seja, passamos a agir para atender nossas convicções – nossas crenças.

Não temos nossas crenças porque observamos a realidade, mas sim, agimos para realizar aquilo que acreditamos. Nossas crenças não são fatos, mas sim modelos mentais que desenvolvemos e que dirigem nossos comportamentos para criar os fatos que queremos criar.

Você pode imaginar os efeitos que uma crença limitante pode ter na vida de uma pessoa? E o quanto é importante identificar e superar tais convicções negativas para que seja possível a realização de seus sonhos e objetivos mais desejados?

Mas, como identificar uma crença limitante?

 

Crenças limitantes podem ser identificadas pelas justificativas que uma pessoa dá a si mesma, ou para outras pessoas, para “explicar os porquês” não age para realizar aquilo que ela diz querer.

Identifica-se uma crença limitante quando dizemos ou ouvimos alguém dizer, por exemplo: “quando eu tiver tempo eu vou fazer…”, ou “eu não tenho jeito para isso”, ou ainda “embora eu ganhe um bom salário, não consigo manter minhas contas em ordem”.

Invariavelmente, uma crença limitante é uma desculpa que damos para não fazer algo que reconhecemos que devemos fazer ou dizemos querer fazer.

Geralmente é uma afirmação categórica, aparentemente plena de certeza, mas que na verdade é uma forma sofisticada de auto sabotagem para não fazer aquilo que se sabe deve ser feito para alcançar o que diz querer obter, ser ou realizar.

Assim, é também uma forma de se omitir da responsabilidade de pensar em alternativas, lógicas ou criativas, para então entrar em ação para o alcance de algo desejado. Exemplo: “Meu chefe nunca tem tempo para uma conversa para solucionar um problema grave da empresa”. Em um processo de Coaching, a solução pode estar em responder de forma honesta a perguntas como: “De que responsabilidade você se omite quando diz isso? Que ganhos você e sua empresa poderão ter se você encontrar uma forma de convencer o seu chefe a ouvir suas opiniões?”.

O processo de substituição de uma crença limitante por outra fortalecedora é conduzido por meio de perguntas bem formuladas, cujas respostas evidenciam que uma afirmação, aparentemente absoluta, é, na verdade, falsa ou até mesmo ridícula, absurda.

Aplicadas com base em modelos de Coaching e na experiência de anos de atuação, as perguntas são a principal ferramenta para apoiar pessoas a desafiar crenças limitantes e substituí-las por outras convicções muito melhores, que irão potencializar todas as suas ações para o alcance daquilo que tanto desejam viver.

Questionamentos que geram sincera reflexão, como por exemplo: “Quanto vai te custar, em termos emocionais, se você não modificar essa crença/convicção?”, ou “Quanto vai te custar, em termos de relacionamentos…, e em termos físicos…, em termos financeiros, se você não modificar essa sua crença?”.

Análises bem conduzidas, em ambiente propício, que geram reflexões sensatas e exigem respostas convincentes a si mesmo: “Quais os benefícios que você tem, ao manter esta crença?”. E “… quais os prejuízos para si, e para as pessoas com as quais você tem compromisso, se você mantiver essa crença?”.

Ao se colocar em processo de Coaching, lembre-se da importância de selecionar um profissional bem qualificado, com boas referências. O Coaching é um processo poderosíssimo, capaz de impulsionar habilidades, talentos, sonhos, objetivos e transformar decisivamente toda experiência de vida de uma pessoa. Desde que conduzido por um profissional bem preparado, experiente e conhecedor das ferramentas e sua mais eficiente aplicação.

Além disso, esteja preparado para rever algumas de suas convicções e crenças.

Muitas vezes o diferencial para se atingir o resultado desejado, ou “fazer sucesso”, como habitualmente falamos, está em reconhecer de quais responsabilidades estamos tentando nos omitir ao nos apegarmos a uma crença limitante como, por exemplo: “não conseguirei fazer isso”.

Ao convivermos com crenças, convicções ou pensamentos que nos limitam, colocamos cada vez mais distantes de nós o futuro que podemos construir a partir de nós mesmos, e das pessoas que se associam a nós, para construir o futuro que dizemos querer ter.

A base da superação dos limites humanos segue os mesmos princípios da ciência, que são os de questionar as referências que sustentam as crenças existentes que nos limitam.

A substituição de crenças limitantes por crenças fortalecedoras, por meio do questionamento responsável, claro e sem paixões, nos conduzirá as respostas certas que abrirão o caminho para modificar as realidades que nos rodeiam, em qualquer área da nossa vida: pessoal, profissional, relacionamentos, qualidade de vida.

É sempre melhor acreditar que podemos. Porque ao acreditar que podemos realizar algo, provavelmente poderemos. Enquanto que, se acreditamos que não podemos, certamente não poderemos. Por quê? Porque ao acreditar que não poderemos, nos colocamos na condição de nada fazer para alcançar uma meta, objetivo, ou mesmo aprendizado.

Ao acreditar que poderemos realizar um objetivo, alcançar o resultado desejado, aprender o que desejamos aprender, tomamos a iniciativa de pensar sobre os meios para fazê-lo e a experimentar as formas de fazê-lo.

Só assim conseguiremos construir o futuro que merecemos. Do contrário, teremos que aceitar o futuro que outros “construirão” para nós.

fotografia da capa por Redd Angelo on Unsplash

Fotografia do corpo por Corey Agopian on Unsplash